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Eixo 1
Eixo 1

Tema: Cultura digital juvenil.

- Inter-relações entre cultura digital, e-Arte/educação e juventude.

- Ensino, aprendizagem e inclusão na perspectiva de práticas crítico-reflexivas em arte intermidiática digital.

Nota 1: A atividade consistirá na elaboração de um texto de 500 a 700 palavras, buscando refletir sobre as questões:

Quais são as concepções, comportamentos e hábitos da juventude frente à tecnologia?

De que forma os jovens se apropriam da cultura (im)posta pela mídia?

Como as práticas em contextos educativos podem se relacionar com a cultura digital juvenil, de modo a considerá-las como potencializadoras de aprendizagem em arte?

Obs.: Considerar leituras dos textos indicados na bibliografia da disciplina.

 

A onda da espetacularização

 

“Professora, você já “ouviu” Heart Attack da Demi Lovato? ”; “Professora, assista ao meu vídeo no meu canal e dá um like? ”; “Professora, dá pra passar o novo vídeo do Whindersson Nunes depois desse documentário? ”. Rotineiramente os jovens interpelam seus professores com estas e outras perguntas querendo testar o elo e a acessibilidade ao professor. Todos os alunos sabem que estão à frente dos educadores quando o assunto é internet e que ´por mais “antenado” que este profissional seja, ainda assim encontra-se aquém da sociedade mais jovem. As áreas digitais têm se mostrado  sedutoras, viciantes, interritoriais e, “soltas aos adolescentes” também alienantes e massificadoras.

Tais questionamentos também revelam o que constatou a professora Nilcéia Protásio no depoimento provocativo ,2014: a necessidade de espetacularização. Tudo pode virar um espetáculo: desde algo simples do cotidiano até situações armadas para serem exibidas através de vídeos. Dessa forma, parece ser fundamental ao jovem, por exemplo, não apenas ouvir uma música no fone de ouvido, mas fazer que todos a ouçam. E o que para parte da população mais madura parece ser um egocentrismo, um egoísmo exacerbado, é para o jovem a exibição de algo seu, um convite e também uma demarcação de território, e mais ainda, uma busca da própria identidade segundo Protásio ( 2014, pág.4).

A mesma autora revela que a preferência musical desses jovens vem acompanhada de imagens e artes cênicas (videoclipes). Compartilham seus gostos e absorvem o que está na moda entre eles sem qualquer criticidade. Da mesma forma que tentam espetacularizar e mostrar suas preferências, querem também ser protagonistas neste espetáculo, logo acessam vídeos “em suas situações cotidianas, ou que dão visibilidade e fama momentânea a anônimos” (Fernanda P. Cunha,2012, pág. 4).

Seguido aos vídeos anônimos, tem também bastante apreço as produções milionárias que enchem os olhos e os ouvidos dos jovens. A exemplo, a música “Beijinho no ombro”,2013, de Valeska Poposuda que teve a produção orçada em cerca de 470 mil reais e mais de 50 milhões de acessos em um ano. Não é por acaso que o Funk Ostentação tem a preferência de estilo musical dos estudantes. Exibem-se nesses clipes os sonhos de consumo dos jovens como dinheiro, domínio, poder, conquista, posse, beleza.

E com toda essa interritoriedade e diversidade como fica a organização das práticas de ensino do professor? Este que culturalmente “aprecia a uniformidade nos conteúdos, uniformidade na avaliação, uniformidade nas expectativas. ” (Elleit,2008, pág. 8). O autor aponta para a necessidade de considerar as práticas do ensino de arte como resposta e possibilidade de reencontro de sentidos no ato de ensinar. De fato, entre todas as disciplinas, a arte parece ser a mais capaz de dinamizar, de libertar, de trazer à tona a criatividade e a motivação .

Aliado a esse caminho, deve-se também trazer o mundo digital para dentro da sala de aula, como é o caso da Matriz de Referências de estudo do PAS que sugeriu a música Camaro Amarelo de Munhoz e Mariano para estudo na etapa 1 de 2013. À primeira vista, parecia ser apenas para agradar aquele público, entretanto todo o trabalho estava voltado para refletir a letra, o clipe, a cultura de massa, a ostentação, o interesse, a coisificação das pessoas, dentre outros aspectos. O estudante teve a oportunidade de ir além daquilo que estava acostumado no dia a dia. Neste mesmo caminho, a professora Fernanda Pereira Cunha propôs uma pesquisa sobre os clipes mais acessados e um trabalho junto aos estudantes acadêmicos de Graduação (também jovens) do vídeo clipe Bad Romance de Lady Gaga .O trabalho realizado promoveu “ o desenvolvimento da consciência crítica do estudante”  e ainda  pode aguçar “ sua capacidade de (re)significar símbolos digitais e suas representações em seus universos internos” ( Cunha, 2012, pág.364).Tais práticas são caminhos possíveis para o educador preocupado com o ato de ensinar. Melhor ainda, promove uma educação libertadora e comprometida com os problemas da modernidade.

Marcela Cristiane

Bibliografia:

CUNHA, Fernanda Pereira da. "Performances culturais intermidiáticas: você tem fome do quê? Consumo de sinais". UFG: CIAR, 2012

EISNER, Elliot E. O que pode a educação aprender das artes sobre a prática da educação?" Currículo sem fronteiras, v. 8, n.2, pp5-17, 2008.

 PROTÁSIO, Niceia. "Depoimentos provocativo". UFG:CIAR, 2014.