Interterritorialidade: aspectos conceituais sobre
Interterritorialidade: aspectos conceituais sobre

Eixo 1

Estudo das noções de Representação, Imaginário, Contexto histórico, Identidade, Cotidiano, tendo em vista as artes em processo de interação metalinguística. 

ATIVIDADE AVALIATIVA

Nota 1: Elaboração de um texto, de a 800 a 1000 palavras, que leve em consideração as noções de Representação, Imaginário, Contexto histórico (PESAVENTO, 2005) Identidade (SILVA, 2007), Cotidiano (CERTEAU, 2007), tendo em vista as artes em processo de interação metalinguística (ROSA, 2013 e 2016).É fundamental ter objetos artísticos (música, literatura, pintura, imagens fílmicas etc) como ponto de partida para desenvolvimento das reflexões.

 

Universidade Federal de Goiás/UFG

Especialização Arte/Educação Intermidiática Digital

 

Disciplina: Interterritorialidade: aspectos conceituais sobre as artes expandidas e a Metalinguagem no Ciberespaço

Professor: Robervaldo Linhares Rosa

Professora: Selma Rosa

Cursista: Marcela Cristiane da Silva

Atividade 1

 

A Literatura como ficção e arte histórica é fonte inesgotável para compreender o caminho da humanidade desde os tempos mais remotos. De acordo com Pesavento (2005) a história perdeu seu lugar tal como era e surgiram outras ciências como a sociologia, a economia e, a história só voltou a ser relevante quando ganhou outro viés :história cultural.

 Para ela, na década de 70, a humanidade precisou ir além dos fatos históricos e era preciso explicar o que ocorreu no passado voltando-se para aspectos até então irrelevantes como a cultura. Ela pondera que “Trata-se, antes de tudo, de pensar a cultura como um conjunto de significados partilhados e construídos para explicar o mundo” (p.15). A historiadora ressalta alguns nomes como Freud, Michelet, Ricoeur, Bachelard, Roland Barthes, que não podem ser esquecidos, uma vez que contribuíram com teorias e reflexões para esse novo olhar sobre a história.

Pesavento (2005) também apresenta os novos conceitos sobre a representação, imaginário e contexto histórico. Para ela “a representação envolve processos de percepção, identificação, reconhecimento, classificação, legitimação e exclusão” (p.40). Ou seja, o indivíduo ou um grupo constrói imagens da realidade e organizam o dia a dia. “Por imaginário um sistema de ideias e imagens de representações coletivas que os homens, em todas as épocas, construíram para si, dando sentido ao mundo” (p. 43), dessa forma, o imaginário é o que determinada sociedade pensa e percebe o mundo. A escritora afirma ainda que a história cultural além de dialogar com outras ciências, dialoga com a Literatura e ambas podem mostrar o mundo, entretanto, a história não é ficcional e nem deve cair em descrédito por buscar amparo em fatos comprováveis ao longo dos anos. Busca-se na Literatura verdades históricas como paisagens, comportamentos, modos de vestir ou pensar o mundo, mas, esse não é o foco da Literatura, pois ela é arte e tem muito mais compromisso com a inventividade, com a emoção, com o entretenimento e com o prazer. A característica de denúncia social veio bem depois com a terceira geração do Romantismo e mais fortemente com o Realismo.

A Literatura hoje também está fortemente ligada ao cinema, cujos filmes tentam traduzir a linguagem escrita das obras em outras linguagens. Rosa (2013) explica que as linguagens imagem e som exibidas no filme documentário Buena Vista Social Club, 1999, de Western são capazes de potencializar “o ato de lembrar” que mais uma vez recai sobre a história. Os filmes são também chamados de textos multimodais-constituídos de som, imagens, textos e animação - conforme define KRESS e VAN LEEUWEN (1996) e podem mesmo avivar de maneira significativa a história. Os filmes ficcionais ou não perpassam pela Literatura e, uma vez transmitida ao outro, integrante do discurso dará significados conforme a cultura, a crença, etc. Para tanto, vale refletir sobre o contexto histórico que para Pesavento (2005) é a tentativa de relatar a história a partir da realidade “o mais próximo possível, da verdade do acontecido”. Entretanto, conforme Silva (2007) aponta, a sociedade é composta de indivíduos que tentam mostrar a sua identidade. Para o autor identidades e diferença são inseparáveis e partem de afirmações como “sou brasileiro”, “sou branco” e, quando diz isso está excluindo outras possibilidades “não sou japonês “, “não sou negro” ...Por isso identidade e diferença estão interligadas. E, principalmente, não podemos esquecer que somos o que somos porque há influência da cultura à qual fazemos parte. Certeau (1994) lembra que é a relação social que faz o indivíduo e não o contrário. Portanto, é um equívoco pensar que quando marco a minha identidade, ela é “despregada” de uma série de contextos culturalmente existentes. É assim que nasce os preconceitos e as discriminações ao que é diferente do que sou. O autor traz o problema do cotidiano “é aquilo que nos é dado cada dia (ou que nos cabe em partilha), nos pressiona dia após dia, nos oprime, pois existe uma opressão no presente”. (CERTEAU, 1994, p. 31). Dessa forma, o que fazer para sairmos das redomas impostas pela sociedade capitalista e global que tenta nos homogeneizar?

Certeau (1994) ressalta para “artes de fazer”, “astúcias sutis”, “táticas de resistência” que são práticas capazes de nos libertar para pensar e agir com maior tolerância e compreender que existe uma diversidade em todos os sentidos. Deixar de ser homofóbico, machista, cruel com os animais e as plantas e outras atitudes culturalmente construídas na história da humanidade podem ser pautas de planejamento escolar.

Mais uma vez a Literatura deverá contribuir para as “táticas de resistência “. Levar à sala de aula a obra “Os miseráveis” de Victor Hugo, por exemplo, que levanta muitas questões socialmente vividas naquela época (1862) como divisão de classes sociais, dominação, opressão e poder, o papel da mulher, pobreza e miséria, menores abandonados, a conquista da liberdade, velhice e abandono, fidelidade e traição, injustiças sociais e tantos outros temas podem transformar tanto o indivíduo quanto levar os alunos a práticas coletivas mais condizentes com este século.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano. Rio de Janeiro: Vozes, 1994.

PESAVENTO, Sandra J. Mudanças epistemológicas: a entrada em cena de um novo olhar. In: História e história cultural. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.

KRESS, G.; VAN LEEUWEN, T. Reading images: the grammar of visual design. London, New York: Routledge, 1996.

ROSA, Robervaldo Linhares. Ao som do chan, chan. Memórias de histórias e músicas em Buena Vista Social Club. BRITO, E. Z. C de; PACHECO, M. A e ROSA, R (orgs). In: Sinfonia em prosa: diálogos da história com a música. São Paulo: Intermeios, 2013.

SILVA, Tomás Tadeu da. A produção social da identidade e da diferença, In: SILVA, Tomás Tadeu da. (Org.). HALL, Stuart, WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Ed. Vozes, 2007.

Disponível em <https://www.companhiadasletras.com.br/sala_professor/pdfs/GuiaProf_Miseraveis.pdf> Acesso em: 24 de julho de 2018.

    

Eixo 2

Análise e Apreciação crítica acerca da Música Popular Brasileira, mediante a compreensão de processos identitários inerentes à confluência  de relações entre sons e imagens, cultura e memória.

ATIVIDADE AVALIATIVA

Nota 2: Cada aluno deverá selecionar uma obra (canção do repertório da música popular brasileira, de qualquer período, podendo ser de uma performance musical, videoclipe ou mesmo de áudio, disponível na internet, com vistas à produção de um vídeo que tenha como fundamento os seguintes tópicos:

a) MPB e contexto histórico (PESAVENTO, 2005; SEVERIANO, 2008; ULHÔA, 1997);

b) MPB e processos identitários (ROSA, 2014; SILVA, 2007; NAPOLITANO, 2005;

c) MPB e artes compreendidas em uma abordagem metaliguística (JOLY, 1996; GOMBRICH, 1999; CARRASCO, 2003; ROSA, 2013)  

d) MPB e memória (CATROGA, 2001; BENJAMIN, 1994);

e) MPB e cultura digital (CUNHA, 2012).

O vídeo produzido pelo aluno deve conter alguma performance musical (individual ou coletiva), com ou sem o uso de instrumentos, como forma de exemplificar a teoria, devidamente em diálogo com a reflexão desenvolvida. O vídeo deverá ser postado no youtube e enviado o link ao professor. Mínimo de 10 minutos e máximo de 20.

Obs. Os autores acima referidos fazem parte da bibliografia e referendam as reflexões almejadas.